quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tentando a profissão Ghost Writer

Cintilante é palavra bonita. E quando está assim, descrente de todo ser vivente (que não é redundante dizer, pois há muitos e muitos seres que não levam vidas... levam algo que não merece ser observado, dito, pensado) a sua volta, se apega no que lhe parece menos tedioso. Acho que é caso de defesa de organismo.

"Cintilante é palavra que sempre achei bonita", repete pra si em silêncio. É adjetivo de coisa que brilha. Destaca. Tem luz nem que for emprestada por purpurina fabricada nas beiradas do terceiro mundo e subemprego. Cintilante é só palavra bonita - repensou, quando vislumbrou o último esmalte cor de bolinha de natal que a manicure com tanta insistência a convenceu usar.

Cintilante é sorriso de quem usa colar de brilhante em baile de 1920. Que tem luva, chapéu e até um ou dois disputando atenção naquele salão imenso. Brilhante, diamante, cintilante. Tudo palavra bonita. Que menininha aprende nas histórias infantis desde sempre. Deve ser isso. Tudo que vem junto com o final feliz. Ilusão vendida. Comprada. Muito da mal usada. Obsoleta. Démodé. Bem breguinha. Tipo algum texto da Clara Dawn recheado de epifanias líricas. "Por Deus", quase caí lá!









quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rotina possui sua magia, com todos aqueles ares de seguranças e certezas, que iludidamente nos vinculamos, na esperança de tapar alguns buraquinhos.
Então criamos alguma perfeita para nós. Alguma, nem que seja uma, que até então nos pareceu sólida e perfeita demais. Basta abrir os olhos e seguir aquele roteiro cuidadosamente preenchido dia após dia, resumindo a vida na mais permanente estabilidade.

...

Essa coisa de beber só uma cerveja depois do trabalho, nunca fez parte da rotina dela. E ela leu Bob Dylan, onde estava escrito Bossa Nova.