terça-feira, 6 de setembro de 2011

Existia uma bunda. Existia também uma buceta cabeluda e com alguns problemas no percurso. Só não sabia se tais dignissimos elementos giravam em torno do coração, ou o coração em torno deles. Ficava na dúvida e não era porque queria. Ela se sentia toda maçã (seios, face, pernas etc), enquanto queria se derramar em calda de framboesa.
Sentado a margem do colchão datado de mil novecentos e bolinha, tinha um cara. Esse cara, encarava o tempo, sempre de mãos preenchidas (ou era seu cigarro, ou o copo de Bacardi, ou as duas coisas, quando muito as batatas da perna dela, as coxas, os pés). Encarava o tempo e não olhava nos olhos dela. Não olhava nos olhos dela!!!!!!!!!! Isso marcou pra sempre, mesmo ainda não tendo passado 24 horas. Encarava com o rosto imóvel, olhar longínquo. E dentro da imobilidade de seu semblante, ela notava um redemoinho dentro dele. Notava toda inquietação, que o fazia descompreender-se diante de tudo que morava ali na sala escura.
Ela pensava o tempo todo que ele se contorcia de amor. O tal do Amor estava tão forte que estava, até!, doendo. E a bunda que jurava nunca mais encostar. TSc TSc. Assunto que deu pano pra manga: promessa dura de cumprir. O amor que o fazia nascer tantas e tantas vezes por dia, cada vez mais inteiro e carregado de caixinhas surpresas. Caixinhas cheias de versos, saltando em papéis. Caixinhas cheias de requebrados e passos de valsa, saltando pelas sua cintura e longos cabelos. Caixinhas cheias de planos para o futuro e de futuro incerto. Caixinhas cheias dela com ela e mais uma dela, perfumada e macia. E quando mais a olhava, ficava com aquela mesma cara da sua ovelha com dúvida. Vale lembrar que essa ovelha nem cara tem. Então sintam-se a vontade para darem a cara que bem entenderem.
Marciano alguma coisa cheia de M's afora, e um apelido para poucos. Heterônimos a parte, o cara não estava sozinho: tinha ainda um alter-ego que zanzava pelo mesmo colchão-banheiro-sala, deixando a cabeça dela ainda mais confusa. Não adiantava dizer nada, que ia lá e a remendava. Frases curtas, "de efeito", e com um sotaque que ele jura dizer ser "Sotaque de Russo Bêbado" e que pra ela não passa do Zé Buscapé quando acabou de acordar. Mas poesia por poesia, lirismos por lirismos, bêbado por bêbado, ficamos então com o sotaque Russo, para não desapontá-loS.

Voltemos então ao Amor porque naquela buceta cabeluda, ou na bunda levemente arrebitada, não está guardada sua "sinceridade extrema", taxada de caô, tão sinceramente por ele. Aquela buceta e aquela bunda, desprendem todo tipo de reação em cadeia, que hoje já foge do seu controle.

...

A Lua descia às pressas, tenra e amarelo-ouro, abandonando a vista da janela. Ia o quanto antes, pra não ter que assistir mais, o encontro em vão dos três, enquanto qualquer tentativa de amor, virava fumava de cigarro ou canções refinadas, pra um cenário muito mal usado.

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