terça-feira, 8 de janeiro de 2013


Posso ver tanto que até me esqueço do que vim remoendo. Esses poucos quarteirões me doem de um jeito que nunca aconteceu. O peso nas costas, mesmo tendo acabado de acordar, é da sensação guardada do dia interminável que está por vir. Tudo incomoda. A terra revolvida da calçada em reforma, os pedestres que tentam atravessar antes do sinal fechar para os carros, o ponto de ônibus que me impede a visão caso queira sentar  a minha maneira, os passantes no próprio ponto me olhando, buzinas, o beijo mal ganhado antes de sair de casa, as moedas estufando no bolso, a alça da blusa caindo, sede e mãos secas, o café que poderia estar tomando com mais calma, mais buzinas, o ranger dos pneus afoitos, bicicletas na contra-mão, lixo na calçada, a vida das pessoas que não conheço que nem sei pra onde vão. Tudo incomoda e não incomodo ninguém. Não que eu saiba.


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