terça-feira, 28 de junho de 2011

Feliciana_Quinto ato

O carpete cinza, praticamente novo, daquela escada inutilizada de um teatro, lhe pareceu bom cenário. Ajuda toda aquela esquisitice que sente estando do lado dele, parecer coisa trivial. Sim, Feliciana se apega a cenários. Olhando a rampa quis sair rolando, só pra fazer estripulia mesmo. Olhando as escadas abaixo sentiu vontade de fazer uma coreografia, mas nada muito sensual. Olhando pro teto, pensou N coisas. Olhando pro lado esquerdo, sentia vazio. Quando então juntava ar, e se virava pro lado direito, perdia nos olhos perdidos dele, que só pareciam estar encontrados, quando de nariz encostado. O cheiro é particular, e fica no corpo. O corpo é magro, esguio, moreno. A pele macia. E o sorriso mais macio ainda. Pra quem diz que sorri muito pouco, sorriu até demais, mas só porque ela é mesmo engraçada. De tudo ela sente um pouco em companhia de alguém tão diferente. Sente os extremos, porque se fosse alguma coisa ali do meio, a cerveja trincando sob 10° de temperatura, e o ar denso da escada sob um repertório pra lá de desafinado, não teria o menor espaço em seu coração. Muito menos na lembrança. Não mereceria sequer uma linha escrita, dirá então as entrelinhas, seu hábito predileto!

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